Estudo apresentado na COP 28 mostra as percepções do brasileiro em relação às mudanças climáticas
Entre os dados levantados, a pesquisa revela que sete a cada dez entrevistados percebem que os eventos climáticos extremos estão se agravando.
11/12/2023
Diante da previsão de chuvas fortes nas regiões onde moram, 64% dos brasileiros sentem medo. Para 76% das pessoas, as cidades não estão preparadas para enfrentar chuvas fortes, tempestades ou alagamentos. Os dados fazem parte de uma pesquisa inédita realizada pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, em cooperação com a UNESCO no Brasil e o apoio da Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente (ANAMMA ) e da Aliança Bioconexão Urbana. O resultado completo do estudo foi apresentado durante a 28ª Conferência de Mudanças Climáticas da ONU, a COP 28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Para 91% dos brasileiros, as mudanças climáticas são importantes ou muito importantes e 80% das pessoas estão preocupadas ou muito preocupadas com esse assunto. Sete a cada dez entrevistados percebem que os eventos climáticos extremos estão se agravando.
Impactos diretos e prejuízos financeiros
Ao serem questionadas se já foram impactadas diretamente por fenômenos climáticos extremos, 35% das pessoas disseram que sim. No entanto, 69% das pessoas disseram conhecer alguém que já foi afetado diretamente por fenômenos como tempestades, alagamentos e vendavais, entre outros.
Entre a parcela que já sofreu alguma consequência direta, 45% mencionaram chuvas fortes ou tempestades, 21% ventanias, 21% alagamentos, 20% ondas de calor, seguido por períodos longos de seca ou sem chuva (7%), e deslizamentos ou desmoronamentos (5%). A população mais impactada diretamente é a da região Sul (45%), seguida por Sudeste (36%), Norte (34%), Centro-Oeste (32%) e Nordeste (29%). Entre as pessoas que já sofreram consequências diretas, 65% relatam que tiveram alguma perda financeira e o prejuízo médio estimado é de R$ 8.485,00 por pessoa.
Desejo por mais contato com a natureza
A pesquisa também buscou identificar como as pessoas enxergam a natureza nas cidades. Tendo em vista que mais de 85% dos brasileiros vivem em zonas urbanas, com grande concentração nas metrópoles, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tornar os municípios mais resilientes às mudanças climáticas é um dos maiores desafios atuais e, de acordo com os especialistas, passa diretamente por uma relação mais próxima com a natureza.
Nove a cada dez pessoas percebem que a sensação de calor é maior em regiões que não possuem áreas verdes. Apesar disso, para 86% dos entrevistados, o verde está diminuindo cada vez mais. Existe também a percepção de que as áreas de risco para inundações e alagamentos estão aumentando, conforme a opinião de 78% dos entrevistados. Em outro indício do déficit de natureza nas áreas urbanas, 26% dos entrevistados disseram que moram em regiões que não possuem parques, bosques ou áreas verdes por perto.
Mudança de hábitos
Outro dado positivo apontado pela pesquisa é que 87% dos entrevistados afirmam que estão dispostos ou muito dispostos a mudar seus hábitos em benefício do clima. Entre as mudanças mais citadas estão: reciclar e descartar o lixo corretamente (24%), plantar árvores (15%), evitar o uso de plástico (8%) e usar meios de transporte menos poluentes (8%). Entre as pessoas dispostas a mudar de hábitos, 19% não sabem exatamente o que fazer.
Publicação
Os principais resultados da pesquisa estão na publicação “Natureza e Cidades: A relação dos brasileiros com a mudança climática”, apresentados com infográficos que podem ser baixados e compartilhados. Além de conhecer a opinião da população, o trabalho pretende disseminar o conceito de Soluções baseadas na natureza (SBN), relacionar este conceito com a importância de aumentar a presença da natureza em áreas urbanas em busca de maior resiliência aos eventos climáticos extremos e, também, contribuir para que gestores públicos e candidatos às eleições municipais de 2024 tenham mais subsídios para planejar cidades mais sustentáveis.
Mais sobre a pesquisa
A pesquisa foi realizada pela Zoom Inteligência em Pesquisas, entre os meses de julho e setembro de 2023 – ou seja, um pouco antes dos impactos provocados pela intensificação do El Niño de 2023. Foram realizadas 2 mil entrevistas presenciais e por telefone, com pessoas entre 18 e 64 anos, de ambos os gêneros e todas as classes sociais, nas cinco regiões do país. Entre os entrevistados, 50,5% residem em capitais e 49,5% vivem nas demais cidades. A margem de erro é de 2,2% para um nível de confiança de 95%. Entre os municípios que compõem a amostra, 64% foram afetados por desastres ambientais nos últimos 5 anos, enquanto 36% não foram afetados, de acordo com a base de dados do Instituto Talanoa. Clique aqui e confira o estudo completo.
Sobre a Fundação Grupo Boticário
Com 32 anos de história, a Fundação Grupo Boticário é uma das principais fundações empresariais do Brasil que atuam para proteger a natureza brasileira. A instituição atua para que a conservação da biodiversidade seja priorizada nos negócios e em políticas públicas e apoia ações que aproximem diferentes atores e mecanismos em busca de soluções para os principais desafios ambientais, sociais e econômicos. A Fundação é fruto da inspiração de Miguel Krigsner, fundador de O Boticário e atual presidente do Conselho de Administração do Grupo Boticário.
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